Após apagão em São Paulo, Enel pode perder concessão se não cumprir 'obrigações contratuais', afirma governo federal
14/12/2025
(Foto: Reprodução) Falta de energia e caos após ventania em São Paulo
Após o vendaval histórico que atingiu São Paulo nesta semana, a energia só deve ser totalmente restabelecida nos próximos dias. A Enel afirmou em entrevista ao Fantástico neste domingo (14), que a "crise vai se normalizar ao longo dos próximos dias, segunda e terça-feira, como máximo".
Cerca de 60 mil pessoas ainda estão sem luz na cidade, mesmo após a Justiça de São Paulo ter determinado, no fim da sexta-feira (12), um prazo máximo de 12 horas para que o problema fosse solucionado.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), se forem constatadas "falhas reiteradas", a Enel pode perder a concessão.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirmou que a concessionária será responsabilizada caso não cumpra integralmente os índices de qualidade e as obrigações contratuais previstas na regulação do setor.
"O descumprimento dessas exigências poderá acarretar na perda da concessão no estado de São Paulo, além da adoção de todas as medidas legais e regulatórias cabíveis", afirmou.
Apagão depois de vendaval deixou 2 milhões de pessoas sem luz em São Paulo.
Reprodução/Fantástico
A ventania provocou uma sequência de transtornos em toda a cidade: quedas de árvores, caos no trânsito e prejuízos a moradores e comerciantes. Rajadas chegaram perto de 100 km/h e ocorreram sem chuva, um cenário raro para a capital paulista.
Bairros inteiros ficaram no escuro por mais de dois dias, afetando residências, comércios e serviços essenciais. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o prejuízo econômico ultrapassou R$ 1,5 bilhão.
A Enel afirmou que colocou 1.600 equipes nas ruas para atuar no restabelecimento do serviço, mas o número foi questionado pela prefeitura.
Imagens registradas na manhã seguinte mostraram um pátio da Enel com caminhões parados enquanto mais de um milhão de clientes ainda estavam sem energia. A empresa alegou que se tratava de troca de turno e logística operacional. Questionada sobre prazos, a concessionária afirmou que a situação iria se normalizar ao longo dos dias seguintes.
Especialistas explicaram que o fenômeno foi causado por um ciclone extratropical que canalizou uma massa de ar seco sobre a região metropolitana. A combinação de rajadas fortes e árvores debilitadas contribuiu para os estragos.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acompanha o caso. O diretor-geral Sandoval Feitosa lembrou que a concessionária já foi multada em R$ 165 milhões após um apagão em 2023, punição que ainda está sendo contestada na Justiça.
Enquanto autoridades discutem responsabilidades e medidas, moradores seguem lidando com os impactos do apagão. Em algumas ruas, a energia só voltou após mais de 50 horas. Em outras regiões, milhares de imóveis ainda aguardavam o restabelecimento do serviço, dias depois da ventania que escancarou a vulnerabilidade da maior cidade do país.
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