Caso Thainara: Hospital se posiciona sobre denúncia contra equipe da UPA
28/10/2025
(Foto: Reprodução) UPA se posiciona sobre caso de jovem morta em abordagem policial em Governador Valadares
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Vila Isa, em Governador Valadares, se posicionou pela primeira vez sobre o caso de Thainara Vitória Francisco Santos, de 18 anos, que morreu em novembro de 2024 durante uma abordagem da Polícia Militar no bairro Vila dos Montes. A jovem foi levada à unidade em parada cardiorrespiratória e, segundo o Ministério Público, não recebeu tentativa de reanimação por parte da equipe médica.
A gestão da UPA é de responsabilidade da Sociedade Beneficência Bom Samaritano, que administra o hospital de mesmo nome na cidade. Nesta segunda-feira (27), a entidade respondeu à denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que acusa cinco profissionais de saúde de homicídio por omissão de socorro.
A denúncia foi apresentada no início de outubro e envolve um médico, duas enfermeiras e duas técnicas de enfermagem. O MP afirma que os profissionais da UPA não realizaram manobras de ressuscitação na paciente, o que teria sido determinante para o desfecho fatal.
Na época da denúncia, a instituição não havia se manifestado.
📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 Vales no WhatsApp
Thainara Vitória morreu após uma abordagem policial em Governador Valadares
Reprodução/Arquivo Pessoal
O que diz o hospital
O diretor-técnico da Beneficência Social Bom Samaritano, Alessandro Ferraz, afirmou que Thainara chegou à unidade já em óbito. Segundo ele, o atendimento foi feito de forma rápida e dentro das diretrizes médicas.
“A paciente foi atendida pela equipe médica da UPA. No relatório médico, foi constatado que ela chegou sem pulso, sem batimentos cardíacos, não respirava e com midríase nas pupilas. Ou seja, a paciente chegou em óbito ao hospital. Recebeu todos os atendimentos devidos, de acordo com as normas das diretrizes médicas. Foi atendida prontamente e de maneira rápida por um médico muito experiente”, disse.
Ainda de acordo com Ferraz, a instituição ficou surpresa com a denúncia e informou que dará apoio jurídico aos profissionais citados.
“Recebemos a denúncia com surpresa. Já havia laudo do IML constatando a causa do óbito. Sempre fomos muito transparentes com a população. Conheço todos os documentos que foram enviados à Polícia Civil. Abrimos uma Comissão Técnica e Clínica para analisar todos os fatos. Um relatório será feito e, em poucos dias, estará pronto. Também estamos acionando nossa Comissão de Ética Médica para avaliar todos os acontecimentos”, completou.
O que diz o Ministério Público
Na denúncia, o MPMG afirma que Thainara deu entrada na UPA em parada cardiorrespiratória e que, mesmo assim, não houve tentativa de reanimação por parte da equipe de saúde. O órgão afirma que os sinais clínicos apresentados eram compatíveis com manobras de ressuscitação.
De acordo com o documento, a omissão se estendeu desde a triagem até a sala de emergência, onde Thainara permaneceu por mais de uma hora sem receber procedimentos. A constatação de óbito foi feita às 22h14, após um eletrocardiograma.
Um parecer técnico da Central de Apoio Técnico do MP reforçou que a ausência de ações médicas foi decisiva para a morte da paciente.
Equipe médica que atendeu Thainara é denunciada por homicídio pelo MPMG
Manifestação pede justiça por jovem que morreu durante abordagem da PM em Governador Valadares
Relembre o caso
Thainara morreu na noite de 14 de novembro de 2024, após ser detida por policiais militares dentro do prédio onde morava, no bairro Vila dos Montes, em Governador Valadares. A jovem teria tentado proteger o irmão de 15 anos, segundo a família diagnosticado com autismo, quando foi imobilizada e presa.
A Polícia Militar informou que realizava uma operação para capturar um suspeito de homicídio ocorrido horas antes no bairro Conquista. De acordo com os militares, Thainara teria interferido na ação e foi detida.
Novo vídeo mostra movimentação da PM na abordagem que matou Thainara
Vídeos que circularam nas redes sociais (veja acima) após a morte de Thainara teriam flagrado o momento em que a jovem foi levada pelos policiais e colocada em uma viatura. Ao menos cinco carros da PM estavam estacionados em frente ao condomínio que ela morava.
Também foi possível ver nas imagens o momento em que os agentes tentavam conter o irmão da jovem e impediram a aproximação de Thainara. De acordo com relatos da família, ela apenas tentou proteger o adolescente.
Já os militares afirmaram que foram recebidos de forma hostil pelos moradores e que a jovem teria resistido à prisão. Ainda segundo a PM, Thainara passou mal na viatura, com ânsia de vômito, e foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Vila Isa, onde já teria chegado sem vida.
A família e o advogado sustentam que ela morreu por asfixia durante a abordagem. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia por constrição do pescoço por objeto contundente como causa da morte, além de hematomas e escoriações em diversas partes do corpo, inclusive no rosto, no pescoço e no queixo.
Câmeras de segurança da UPA registraram que Thainara passou pela triagem e foi encaminhada à sala vermelha em apenas três minutos. Às 21h14, foi constatado o óbito. A jovem deixou uma filha de 4 anos.
Caso Thainara Vitória: ALMG debate abordagem policial que terminou em morte
VEJA TAMBÉM:
Jornalismo da Inter TV tem acesso a imagens do Caso Thainara Vitória
Vídeos do Leste e Nordeste de Minas Gerais
Veja outras notícias da região em g1 Vales de Minas Gerais.