Cremação de animais evita descarte irregular e ajuda no luto de donos de pet em Maceió

  • 05/11/2025
(Foto: Reprodução)
Cremação de animais Arquivo Pessoal Apenas 12% dos animais que morrem em Maceió passam por cremação, recebendo um destino ambientalmente correto. Já os outros 88% têm um fim potencialmente poluidor, como descarte em terrenos baldios, quintais ou corpos d’água. Os dados são da PetFênix Crematório de Animais, empresa em Alagoas especializada nesse tipo de serviço. Ao g1, a empresa afirmou que, em 2024, evitou que 22 toneladas de animais mortos fossem descartadas de forma inadequada na capital de Alagoas, beneficiando cerca de 2 mil famílias, que puderam se despedir de seus pets e garantir um procedimento ambientalmente seguro. Além disso, de acordo com o artigo 54 da Lei nº 9.605/1998, enterrar animais de estimação no quintal é crime ambiental, com punição prevista para quem causar poluição que possa afetar a saúde humana ou o meio ambiente. Isso acontece porque o descarte incorreto de carcaças de animais pode contaminar o solo e os lençóis freáticos, além de atrair insetos e animais transmissores de doenças. Criado em 2016, o negócio chegou em Maceió a partir da constatação de que não havia, até então, uma opção adequada para o destino de animais de estimação após a morte. A empresa também passou a atender clínicas veterinárias, que buscavam alternativas seguras e regulamentadas para o descarte. A iniciativa em Alagoas foi uma expansão de um modelo iniciado em Sergipe, em 2013, e que se mostrou viável no Nordeste. Como funciona o atendimento Segundo o crematório de pets, o atendimento pode ocorrer por meio de indicações de veterinários, busca na internet ou recomendações de outros tutores. Após o primeiro contato, um colaborador da empresa é enviado ao local para realizar a remoção do animal morto. Dessa forma, o corpo do bicho é levado ao crematório e mantido em baixa temperatura até a data do procedimento. São três modalidades de cremação: Cremação individual imediata: o tutor escolhe o dia e o horário da cremação e pode acompanhar o processo. As cinzas são entregues no mesmo dia. Cremação individual programada: o agendamento é definido pela empresa, com prazo máximo de sete dias após o recolhimento. O tutor pode visitar o local para se despedir, e as cinzas são entregues no dia seguinte. Cremação coletiva: realizada com outros animais, sem devolução das cinzas. O material resultante é destinado à natureza. Os preços variam conforme o peso do animal e o tipo de cremação escolhida, com valores entre R$ 250 e R$ 1.500. O serviço é voltado a animais de pequeno porte, com peso entre 1 kg e 80 kg. Perfil dos tutores e espécies mais atendidas Os cães representam a maioria dos atendimentos, com 80% das cremações realizadas. Em seguida vêm os gatos, com 19%, e outras espécies, como hamsters, coelhos e aves, que somam 1%. O público mais frequente é formado majoritariamente por mulheres e famílias com três ou mais pessoas. De acordo com a empresa, são tutores que demonstram preocupação com o meio ambiente e buscam garantir um fim adequado aos animais. Local onde o corpo é velado Arquivo Pessoal Esse é o caso de Edvaldo Cruz, artesão e tutor da cadela Pigmeu, que vivia na rua, e chegou à família em uma tarde chuvosa de junho. A história de Pigmeu Minha menina voltava do dentista quando ouviu os latidos. A cachorrinha era muito novinha, estava sozinha perto de um posto abandonado na chuva. Ninguém sabia de onde ela veio, relembrou. A esposa, Maria Helena, decidiu acolher o animal apesar das dificuldades, levando a Pigmeu para casa e convencendo a família a ficar com ela. Inicialmente, pensaram em doar a cadela, porém o bicho foi se aproximando e acabou se tornando parte da família. Cadela Pigmeu Arquivo Pessoal O lar, que já tinha outra cadela, a Lua, e alguns gatos, se transformou com a chegada da nova integrante. “Ela era muito levada. Perdemos quase nove sandálias que ela mordia. Corria, brincava, mordiscava os brinquedos e até os rabos dos gatinhos. Foi uma convivência rápida, mas cheia de alegria”, recordou Edvaldo Cruz. Entre as lembranças mais marcantes, ele relembra a amizade inesperada entre Pigmeu e o gato Paraíba, destacando que, mesmo sendo menor, a cadela se tornou inseparável do felino, com quem brincava e de quem aprendia a se defender. “Era uma alegria aqui em casa”, disse, rindo. “O silêncio tomou conta” A rotina da família mudou completamente quando Pigmeu adoeceu de forma repentina. Ele relatou que, ao retornar das compras, encontrou a cadela desorientada e sem enxergar, em decorrência de um problema cerebral. A casa ficou vazia. Mesmo com os outros bichos, o silêncio tomou conta. Ela veio para ensinar a gente sobre o valor da vida, lamentou o tutor. Sem saber como agir, a família optou pela cremação após receber a indicação do serviço da empresa por uma sobrinha. Edvaldo Cruz explicou ainda que o processo foi rápido e marcado por um atendimento cuidadoso e acolhedor, permitindo uma despedida digna do animal e reforçando a importância ambiental da prática. Ele acrescentou que a experiência ajudou a lidar com o luto, pois ao olhar para as cinzas da cadela, recorda com carinho suas travessuras e brincadeiras. “Foi um alívio. A cremação deu um sentido para a despedida.” Cruz também destacou a importância ambiental da cremação, observando que o descarte inadequado de animais pode representar riscos à saúde pública e ao meio ambiente , ponto que também é reforçado por Claricio Bugarin, coordenador do Programa Estadual de Controle de Zoonoses da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau). Veja os vídeos que estão em alta no g1 Impactos ambientais do descarte indevido Claricio Bugarin expôs que o descarte incorreto de corpos de animais é uma preocupação real tanto para a saúde pública quanto para o meio ambiente. Para o coordenador da Zoonoses da Sesau, quando isso acontece, pode haver contaminação do solo, da água e até a disseminação de microrganismos que causam doenças. Bugarin cita ainda a esporotricose, infecção fúngica causada por fungos do gênero Sporothrix, que pode afetar humanos e animais, especialmente gatos. Claricio Bugarin, coordenador do Programa Estadual de Controle de Zoonoses da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau). Arquivo Pessoal “O manejo adequado e o descarte correto são fundamentais para interromper esse ciclo e proteger a população”, explicou. De acordo com o coordendor, a cremação é o método mais seguro porque elimina completamente qualquer agente infeccioso. Além disso, afirma, o processo está em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e com as portarias do Ministério do Meio Ambiente, que priorizam o descarte ambientalmente correto e a não contaminação do solo e da água. Além de ser uma medida sanitária, é também uma prática ambientalmente responsável, disse. Apoio emocional Além dos serviços de cremação, o tutor recebe apoio psicológico no luto. A equipe que lida com o processo conta com uma psicóloga especializada em casos traumáticos, e uma sessão de suporte emocional está incluída no atendimento. O objetivo é auxiliar os clientes a lidar com a perda e a reorganizar o vínculo emocional com o pet. De acordo com o psicólogo clínico Carlos Gonçalves, o vínculo entre tutores e animais é comparável aos laços estabelecidos entre pessoas. Segundo ele, a relação é construída sobre bases emocionais e afetivas sólidas, nas quais há cuidado, confiança e reciprocidade. Psicólogo clínico Carlos Gonçalves Arquivo Pessoal “O tutor oferece o carinho, a segurança e o cuidado. O animal responde com afeição, lealdade e apego”, explicou. Gonçalves destaca que estudos mostram que tanto humanos quanto animais, especialmente cães e gatos, liberam ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”, durante interações positivas. Além disso, ele afirmou que o contato físico com o animal como acariciar, levar para passear ou dar banho estimula a liberação de serotonina e dopamina, substâncias associadas ao prazer e à calma, enquanto reduz os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Para o psicólogo, essa combinação resulta em melhora do humor, regulação emocional e fortalecimento da rotina. O luto e a importância dos rituais A perda de um animal de estimação, segundo Gonçalves, pode causar um luto tão intenso quanto o provocado pela morte de um familiar. Ele afirmou que o sofrimento é legítimo e que as reações emocionais e físicas, como tristeza, culpa, insônia ou perda de apetite são naturais. Apesar disso, o luto por animais ainda é pouco reconhecido socialmente. Carlos conta que muitos tutores se sentem envergonhados de sofrer porque escutam frases como ‘era só um cachorro’ ou ‘é só comprar outro’. Esse tipo de comentário invalida a dor e impede que a pessoa elabore o luto”, afirmou o psicólogo. Dessa forma, rituais de despedida, como a cremação, podem ajudar no processo de aceitação. O psicólogo explicou que a cerimônia marca simbolicamente o fim de um ciclo. Assistir à cremação, guardar as cinzas ou fazer uma homenagem ajuda a reconhecer a perda de forma concreta e digna. Segundo Gonçalves, essas ações ajudam o tutor a expressar sentimentos muitas vezes reprimidos, como amor, gratidão e saudade. Conforme o psicólogo, falar sobre o animal, relembrar momentos e agradecer pela convivência é uma forma de elaborar o luto de modo saudável. O papel dos profissionais no acolhimento Gonçalves ressaltou que profissionais de saúde mental e veterinários têm papel essencial nesse processo. O primeiro passo, segundo ele, é validar a dor do tutor. Psicólogos e terapeutas podem oferecer um espaço seguro para que o tutor fale sobre o animal, expresse a tristeza e ressignifique a relação. “Ouvir sem julgamento e ajudar a nomear os sentimentos facilita o processo de elaboração do luto”, diz. O profissional pode também sugerir rituais simbólicos, como escrever uma carta, plantar uma árvore ou montar um quadro com fotos e lembranças do pet. “Esses gestos ajudam a transformar a ausência em memória afetiva”, finaliza.

FONTE: https://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2025/11/05/cremacao-de-animais-evita-descarte-irregular-e-ajuda-no-luto-de-donos-de-pet-em-maceio.ghtml


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