Em reunião, Lula cobra que ministros do União Brasil e PP tomem lado e defendam o governo
26/08/2025
(Foto: Reprodução) Lula critica ações da família Bolsonaro: uma das maiores traições
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou os ministros do União Brasil e do Progressistas a tomarem lado e saírem em defesa do governo. A declaração ocorreu durante reunião ministerial nesta terça-feira (26).
O recado do presidente foi dado num momento em que os dois partidos formaram uma federação e se aproximam cada vez mais da oposição. Líderes do partido dizem que partidos deveriam desembarcar do governo, mas as siglas não entregaram os cargos na administração federal.
Segundo três auxiliares do presidente que estavam na reunião, Lula foi enfático ao afirmar que ministros que não defendem a gestão não podem continuar no governo.
A fala foi direcionada para os quatro ministros indicados pelo União e PP:
Celso Sabino (União), do Turismo;
Waldez Goés (União), da Integração e Desenvolvimento Regional;
Frederico Siqueira (União), das Comunicações; e
André Fufuca (PP), dos Esportes.
O presidente Lula durante discurso na Cúpula dos Países Amazônicos em Bogotá, Colômbia
Ricardo Stuckert/Presidência da República
👉🏽 Na avaliação dos ministros, Lula estava em “modo campanha” na reunião e disse que acredita que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, será o candidato da oposição em 2026.
O presidente também afirmou que o Republicanos, partido de Tarcísio, terá que definir se vai apoiar a candidatura de Tarcísio ou o governo.
A sigla comanda o ministério de Portos e Aeroportos, cujo ministro é o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).
Relação de Lula com os partidos
De acordo com fontes que acompanharam a reunião, Lula afirmou que o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, não gosta dele, nem do governo. Lula disse que também não gosta de Rueda. Rueda tem feito críticas públicas ao governo.
O presidente do PP e ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), senador Ciro Nogueira (PP-PI), também é crítico do governo. Nogueira já chegou a dizer que é um constrangimento ter membros do partido compondo o governo, mas não fez movimentos concretos para entregar os cargos ocupados pelo partido.
Arquivo: O então ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o então presidente Jair Bolsonaro
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
Lula ficou incomodado com a presença de ministros dos dois partidos em eventos recentes organizados pela oposição, como o anúncio, na semana passada, da federação União Progressista, formada por União Brasil e PP.
O presidente afirmou na reunião desta terça que, nessas situações, cabe aos ministros defenderem publicamente o governo ao qual fazem parte.
Cobrança aos ministros do União
Essa não é a primeira vez que o presidente Lula cobra uma posição dos ministros do União Brasil. No mês passado, Lula convocou um encontro no Palácio do Planalto para questioná-los se desejam deixar o governo.
Os ministros afirmaram que não desejavam deixar a administração federal e que não concordam com o tom crítico adotado por dirigentes do partido sobre o desempenho do governo federal.
A diferença é que, dessa vez, a cobrança foi feita na frente dos demais ministros. O que, segundo alguns dos presentes relataram, gerou um constrangimento na reunião e foi entendido como um recado do presidente Lula para todos.
Os presidentes do PP e do União Brasil têm defendido o lançamento de uma candidatura de centro-direita em 2026.
Foto postada por Tarcísio de Freitas mostra Bolsonaro ao lado de governadores antes de ato pró-anistia
Reprodução
O União tem um pré-candidato: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, mas Ciro Nogueira é um dos defensores de uma costura em torno do nome do governador de São Paulo e também ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para o Planalto.
Tarcísio foi um dos políticos que participou da cerimônia que oficializou a criação da federação partidária entre as legendas. Na ocasião, ele celebrou o passo final da "superfederação" e afirmou que o Brasil "aguardava muito esse passo" para "discutir temas mais relevantes".
Na reunião ministerial nesta terça, o presidente Lula também disparou críticas a Ciro Nogueira. Segundo relatos de auxiliares que participaram da reunião, Lula afirmou que o parlamentar se aliou à oposição porque não tem votos para se eleger no Piauí.